junho 03, 2011

Os Melhores Documentários dos Últimos Anos

Assistir a um documentário não é como ver uma comédia "água com açúcar": ele exige um pouco mais de reflexão e geralmente são mais densos, com cara de material jornalístico mesmo. Mas não são raras as vezes que eu me pego com vontade de ver a um documentário bacana, atual, que traga crescimento pessoal ou um pouco mais de cultura. Por isso fiz essa lista dos documentários que acho indispensáveis, aqueles que tem que assistir pelo menos uma vez na vida. E aí é só adquirir o hábito, e vc acaba gostando mais do que imaginaria.

Annie Leibovitz: A Vida Através das Lentes
Annie Leibovitz produziu algumas das mais famosas imagens dos últimos 30 anos e pode ser considerada a mais influente fotógrafa no mundo atual. Mas não só de glamour e celebridade vive seu trabalho: ela também viu os horrores provocados pelas guerras de Sarajevo e Ruanda, que também foram documentados com seu estilo único de registro. Mas a fama mesmo veio com os trabalhos para as revistas Vogue, Vanity Fair e principalmente a Rolling Stone, que foi a revista que lançou Annie para o mundo.


Esboços de Frank Gehry
O filme do diretor Sidney Pollack, que foi um projeto que durou mais de cinco anos, é uma vitória porque, em vez de olhar para o trabalho de um artista a partir do exterior, observa-o do interior.
O arquiteto canadense Frank Owen Gehry, idealizador do museu Guggenheim, adora fazer esboços: é assim que se inicia seu processo criativo, e foi este amor pelos esboços que deu a Pollack as primeiras pistas para o seu documentário. A partir dos esboços originais de Gehry para cada um dos seus projetos mais importantes, o filme explora o modo como Gehry transforma estes desenhos abstratos em edifícios de titânio e vidro, cimento e aço, madeira e pedra.
Curiosidade: Gehry e Pollack são amigos há muitos anos, e foi Gehry quem pediu pessoalmente ao cineasta que assinasse este filme sobre a sua carreira.


S.O.S. Saúde
O provocador Michael Moore acerta mais uma vez em nova investida contra as mazelas da América, desta vez em uma crítica devastadora ao sistema de saúde americano. Neste documentário, ele denuncia sem papas na língua a ganância das seguradoras de saúde com depoimentos incontestáveis de pessoas que perderam parentes devido à falta de autorização para tratamentos. E além de denunciar, ele também compara: vai à Londres, Paris, Cuba e Canadá para mostrar como o sistema de saúde universal gratuito funciona em outros países e deixa muito a desejar nos EUA.
Deve ser visto com as lentes "anti-Michael Moore", ou seja, ter-se em conta a dose de sensacionalismo usada com bastante maestria pelo cineasta. Mas merece a atenção por seu realismo.


Uma Verdade Inconveniente
O ex-vice-presidente Al Gore viaja o mundo alertando sobre os perigos dos graves problemas causados pelo aquecimento global e a liberação excessiva de gases CO2. Para os desinformados, Gore já faz isso desde a sua eleição para a Câmara de Deputados nos anos 70, e não por causa de sua derrota para Bush. Este documentário é o registro cinematográfico sobre essa faceta de Gore, até então pouco conhecida do grande público.
O mais surpreendente, no entanto, fica por conta de sua passional atuação: articulado, inteligente e entendido sobre o assunto. Bem diferente do monossilábico e atrapalhado candidato a presidência do passado...


Entre os Muros da Escola
O filme-documentário, vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes em 2009, mostra o fosso que separa os alunos e o professor de uma pequena sala de aula na França, um absoluto e claro choque de civilizações. O filme seria um retrato da França contemporânea, mas na verdade é uma fotografia da realidade de muitos outros países.
De um lado desse muro está François Marin, um professor de francês vivido por François Bégaudeau, que também é o autor do livro homônimo no qual "Entre os Muros da Escola" é baseado. De outro, está um grupo de alunos entre 13 e 15 anos composto por negros africanos, asiáticos, latino-americanos e franceses.
A linguagem é o grande campo de batalha onde é travado esse conflito cultural, e o filme se sustenta basicamente em longos diálogos improvisados, por isso a forte sensação de realidade da história.
O objetivo do filme “com cara de documentário” é mostrar a visão colonizadora a partir do ponto de vista de alguém que se toma, mesmo que inconscientemente, o colonizador (professor) enquanto o outro (aluno) se torna o retrato da rebeldia que deve ser conquistado através da assimilação da cultura da civilização.


A Marcha dos Pinguins
O belo documentário do biólogo e documentarista francês Luc Jacquet mostra o ciclo reprodutor da espécie de pingüins imperadores durante o inverno da Antártica, acompanhando a jornada dessas aves minuciosamente por um ano. O mais impressionante é que os cinegrafistas – Jérôme Maison e Laurent Chalet – enfrentaram o terrível inverno antártico para filmar o documentário, que foi rodado no arquipélago Pointe Geologie, no sudeste da Antártica.
O grupo voltou com 1020 horas de filmagem, ao longo de treze meses. Entre outras dificuldades, uma delas foi obter recursos para o documentário – que custou US$ 8 milhões – pois ninguém acreditava que um filme sobre pingüins poderia se transformar num sucesso tão estrondoso que foi.


Trabalho Interno
Um documentário sobre os responsáveis pela quebra que ocasionou o tsunami da crise financeira de 2008, quando milhares de pessoas perderam seus empregos.
Vencedor do Oscar 2010 de melhor documentário, foi conduzido pelo diretor Charles Ferguson e narrado por Matt Damon. Baseado em uma extensa pesquisa e séries de entrevistas com políticos, economistas e jornalistas, o filme revela as corrosivas relações de governantes, agentes reguladores e a Academia, expondo uma grande teia de mentiras e condutas criminosas que prejudicaram seriamente a vida de milhões de pessoas, principalmente por conta da ganância e cobiça.
O curioso é que do total de entrevistados que participaram do filme, 18 se negaram a conceder entrevista para o diretor Charles Ferguson, incluindo Alan Greenspan (ex-presidente do Federal Reserve), Ben Bernanke (atual presidente do Federal Reserve) e Timothy Geithner, atual secretário do Tesouro dos Estados Unidos.
É surpreendente, e se vc não ficar chocada ao final do filme... Bom, nesse caso recomendo que assista de novo.


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